quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Professores da BA dizem que livros didáticos têm conteúdo racista


Material foi adquirido pela Secretaria de Educação por R$ 12 milhões.
Livros são utilizados por alunos da rede municipal de ensino de Salvador.

Após ficar definida a paralisação por 48 horas dos professores da rede municipal de ensino de Salvador, em assembleia realizada na quarta-feira (20), a diretora de educação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Jacilene Santos, conversou na manhã desta quinta-feira (21), com o G1 sobre a polêmica que envolve o material didático adquirido pela Secretaria Municipal de Educação de Salvador, para utilização no ano letivo de 2013.

Com um custo de R$ 12 milhões, a secretaria adquiriu os livros do Instituto Alfa e Beto, especialista em Educação e que atua em mais de 700 municípios brasileiros.

De acordo com o sindicato, o material didático contém conteúdos racistas e cita exemplos de um texto sobre o Saci-Pererê e um texto que propõe a discutir a beleza. A professora questiona ainda que os textos religiosos inseridos no material sempre fazem referência à bíblia cristã.
“A Constituição diz que a escola tem que ser laica, mas o projeto só apresenta texto bíblico. Além do mais, tem um texto intitulado ‘As bonecas de Fernanda’, que é extremamente preconceituoso. O texto mostra duas bonecas e diz que a mais bonita tem olhos azuis, pele branca e cabelos loiros”, afirma Jacilene.
 

“Se o problema são quatro ou cinco textos dentro de um universo de mais de 60 mil páginas, a secretaria está disponível a dialogar com os professores. Podemos pensar na possibilidade de retirá-los do livro. O que nós não queremos é que isso se torne motivo de paralisação. Os professores querem dizer que o personagem do Saci-Pererê é racista. O texto é escrito por Monteiro Lobato. Então o que é preciso é que os professores sejam críticos, e analisem esses textos junto com os alunos, explicando o contexto social e político em que ele foi escrito. Essa história de Monteiro Lobato já foi bastante discutida”, explica o secretário.

Com relação à polêmica, o Instituto Alfa e Beto, se manifestou através de nota. “O IAB já contribuiu para alfabetizar mais de um milhão de crianças em todo o Brasil. Seu programa de alfabetização é consistente com as recomendações da Academia Brasileira de Ciências e de reconhecidos especialistas. É o único Instituto com avaliações externas, que comprovam a superioridade dos resultados obtidos”, informou a nota.

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