quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Acessibilidade para portadores de necessidades especiais no Baixo Sul da Bahia



A presente matéria faz parte da coluna você repórter do Jornal Informe Ativo e nesta edição contou a contribuição do amigo e leitor Jorge Antônio (Jorginho de Igrapiúna). O artigo trata das dificuldades que o portador de necessidades especiais enfrenta no meio social. O objetivo principal desse artigo é alertar às autoridades e conscientizar a população em geral sobre a necessidade da reintegração social do indivíduo portador de necessidades especiais no contexto social e urbano das cidades, para que seja aceito como um integrante participativo e ativo na sociedade. 
Uma questão social 
O problema dos portadores não é conviver somente com suas próprias limitações, mas também com as limitações que a sociedade através de seu preconceito impõe por meio de barreiras tanto atitudinais quanto arquitetônicas. 
A deficiência pode ser definida como uma falha, falta, defeito, segundo dicionário. Em seu sentido mais amplo, em se tratando de deficiência no ser humano, é conceituada como um defeito no corpo, na mente ou no organismo de uma pessoa. 
Os portadores de necessidades especiais sofrem com a falta de acessibilidade nas ruas de vários Municípios do Baixo Sul da Bahia. Jorge Antônio é portador de necessidades especiais e usa cadeira de rodas. Ele diz que depois de se adaptar à nova vida, o maior desafio é o de se locomover pela cidade, e elenca algumas dificuldades que atrapalham sua inclusão social.  
“Todos os dias me deparo com ruas sem faixas de pedestres, calçadas rebaixadas, buracos nas vias principais, rampas mal feitas, lixo e entulho atrapalhando a passagem, veículos estacionados em frente às rampas de acesso para deficientes, além de várias outras dificuldades como praças públicas inacessíveis, transporte público e privado sem elevadores para deficientes, calçamento de paralelepípedo, portas de estabelecimentos públicos e privados sem dimensões que permitam o acesso e locomoção de portadores de necessidades especiais como eu. Acredito que dentre todas essas e outras dificuldades, as mais desconfortantes a meu ver, são: a falta de respeito e atenção da população, juntamente com os calçamentos de paralelepípedo e transporte”, comentou Jorge Antônio (foto).

Semelhante a Jorge Antônio há centenas de pessoas que devido às dificuldades que encontram para se locomover acabam se enclausurando e ficam a margem da sociedade. A sociedade moderna não pode permitir que esses cidadãos continuem excluídos, impossibilitados de viver em coletividade, pois não lhe é acessível as atividades mais corriqueiras como pagar contas, visitar amigos, se divertir, ir ao cinema, prestar vestibular, assistir aos jogos do seu time de futebol, trabalhar ou viajar, são em sua grande maioria privados do seu direito constitucional de ir e vir.
Essas limitações são impostas pela estrutura social que não reconhece esse direito e acaba não oferecendo então, acesso a essas oportunidades. O que a sociedade não percebe é que a deficiência física não é algo que lesa ou incapacita a pessoa, nem a causa de alguém ter limitações para agir. 
“A vida não acabou para quem é portador de necessidades especiais, temos que acabar com esse preconceito, tanto de quem é portador, quanto de quem não é. Quando vou à rua as pessoas me olham como se eu fosse um E.T., falta um pouco que seja de olhar humano”, afirmou Jorge Antônio.
O que lesa ou impossibilita a ação é o preconceito em nossa sociedade, que apesar de alguns avanços, prefere ver o portador de deficiência à distância, segregado em algumas instituições especializadas ou em sua própria casa. Para enfatizar isso, basta observar o quanto a arquitetura urbana é despreparada para receber a pessoa portadora de necessidades especiais. 
Isso acaba levando o portador a acreditar que ele é um problema. Nessa situação a pessoa deficiente nem chega a perceber que a deficiência, pela própria natureza, é um problema social e não individual, pois não nascemos para ser deficientes, nascemos para ter liberdade física total. 
A única maneira de a deficiência passar a ser extremamente suportável é quando o deficiente encontra todo um meio adequadamente preparado para poder lutar pela nova vida. Como vencer desafios é uma marca do homem, quando são desafios possíveis de serem vencidos, ele vai à luta com maior disposição e sempre contando com o apoio e estrutura que a sua situação socioeconômica permite. (Moura, 1992) 
É importante termos em mente que as pessoas portadoras de necessidades especiais têm o direito de estar nos mesmos locais em que todos nós estamos. É necessário reabilitar nossa sociedade, para que o portador de necessidades especiais seja visto como pessoa, como um ser que sente e vive, e não pela sua deficiência. 
Para concluir este artigo, deve-se aprofundar um estudo mais detalhado das cidades em relação as suas barreiras arquitetônicas a fim de integrar o deficiente em seu meio, sem impedimentos, e é necessária também uma conscientização geral da sociedade, mudar o seu modo de pensar, para aceitar a necessária convivência deste cidadão com a população que o cerca. 
Reportagem: William Boy
Participação Especial: Jorge Antonio

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