Programa vai identificar aparelhos não
homologados pela Anatel.
Agência e associação desconhecem número de telefones piratas no país.
Fábio
Amato Do G1, em Brasília
Um sistema em implantação nas centrais de operação das quatro principais
empresas de telefonia móvel do país – Telefônica/Vivo, TIM, Claro e Oi –, e que
deve começar a funcionar a partir do primeiro trimestre de 2013, vai restringir
o uso no Brasil de celulares piratas.
A Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Sinditelebrasil (sindicato que
representa as teles) não sabem dizer quantos aparelhos piratas estão em
operação hoje no país. A agência faz ações de fiscalização para tirar esses
equipamentos do mercado, mas informou que também não possui levantamento sobre
o número de apreensões.
Mesmo assim, as
empresas do setor pretendem investir mais de R$ 10 milhões para bloquear os
celulares piratas. Com a medida, elas esperam reduzir o número de reclamações
contra o serviço – segundo as operadoras, esses celulares são de baixa
qualidade e costumam ter mais queda de chamadas, o que contribui com as queixas
às centrais de atendimento.
Como funciona
Os telefones piratas não são homologados pela Anatel e, na maioria das vezes, chegam ao mercado brasileiro via contrabando. Sem a homologação (certificação), não há garantia de que o aparelho atenda aos requisitos técnicos de funcionamento exigidos no país.
O programa que vai bloquear os piratas funciona por meio do reconhecimento do código de identificação que todo celular possui, o chamado IMEI, captado pela central das operadoras quando fazemos chamadas.
A Anatel possui
uma relação dos IMEI de todos os modelos de telefone homologados no país. O que
o sistema vai fazer é comparar o código do telefone de seus clientes com essa
relação mantida pela agência e bloquear o aparelho para chamadas se o IMEI não
estiver na lista.
Esse procedimento vai ser feito quando um usuário cadastrar um novo chip, o que é necessário para habilitar a linha e realizar as ligações. Se um pirata for identificado pelo programa, a operadora avisará a pessoa que a habilitação não vai ser possível e o motivo.
Para impedir que
o cliente use um celular homologado para fazer o cadastro do chip e depois
troque por um pirata, o sistema também vai passar a acompanhar o EMEI dos
aparelhos usados por todas as linhas habilitadas a partir do primeiro trimestre
de 2013.
Entretanto, quem já tem um chip habilitado, e utiliza um aparelho ilegal, vai poder continuar usando após a entrada em operação do sistema, pois eles não vão ser reconhecidos.
Em um segundo momento, o programa vai ser capaz também de identificar, por meio do IMEI, aparelhos que tenham sido alvo de furto ou roubo – e bloqueá-los para uso.
Queda de chamadas
“Como esses
aparelhos não certificados têm baixa qualidade, acabam provocando problemas na
rede e contribuem para aumentar as quedas de chamadas, o que leva a reclamações
contra as operadoras”, disse Eduardo Levy, diretor-executivo do Sinditelebrasil.
Em junho, a Anatel determinou a suspensão da venda de chips das operadoras TIM, Claro e Oi por conta do aumento de reclamação dos usuários. Para voltar a ter as vendas liberadas, as empresas apresentaram à agência um plano de investimentos para melhorar seus serviços.
O presidente da
Anatel, João Rezende, aponta que o sistema de identificação vai ajudar a
indústria brasileira, afetada pela entrada no mercado nacional de telefones de
baixo custo e contrabandeados.
De acordo com a
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a importação
de celulares no Brasil cresceu mais de 160% entre 2007 e 2011 – passou de US$
375 milhões para US$ 987 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário